Durante a exposição realizada no dia 22/11/11, organizada para que cada discente pudesse expor seus projetos tive a oportunidade de ver e fazer uma breve analise de cada projeto dos colegas, sendo que todos os projetos mantiveram certo padrão de organização e aplicabilidade, com isso a qualidade dos projetos apresentados ficou entre boa para ótima.
Dentre todos os projetos, escolhi o projeto da colega Cecília “Educação através das pinturas rupestres brasileiras”, um projeto que contempla através de duas disciplinas História e Artes, as pinturas rupestres, pinturas estas que o Homem fez uso da própria Arte para que pudesse produzir um conhecimento e deixar o seu legado através de sua própria história.
Aspectos relevantes:
Tal projeto soube bem explorar as imagens rupestres, sendo que muitos livros de história mostrem um pouco destas imagens milenares, muitos de nossos estudantes não conseguem associar essas imagens a manifestações artísticas que o próprio homem usa para produzir um conhecimento que ele não queria que ficasse apenas com ele, mas também que futuras gerações possam ver e questionar o que ele queria nos transmitir e o que estava por trás de todas aquelas figuras, o projeto proporcionou esta oportunidade ao seu público alvo de forma mais aproximada, quando fez uso de algumas técnicas de pinturas, usando materiais diversificados.
Trabalhou o conhecimento interdisciplinarmente, buscando contar a estória e toda a significação das imagens rupestres dentro da própria história do homem e buscou através do fazer artístico passar este conhecimento ao seu público alvo.
Contudo, um projeto bem organizado e estruturado e que alcançou o seu objetivo dentro de uma expectativa educacional e assim, nos fazendo crer que é possível através de projetos uma maior quantidade e qualidade na Educação deste País e ressaltar pontos importantes de nossa cultura.
Meu projeto “Praticando a Poesia de Cordel”, a execução ocorreu na Penitenciária “Moacir Prado”, com os alunos/reeducandos do EJA (Ensino de Jovens e Adultos) do Ensino Fundamental, onde num primeiro momento levei ao mesmo um pouco sobre a origem e como ela chegou ao Brasil.
O que é e origem
A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.
Chegada ao Brasil
A literatura de cordel chegou ao Brasil no século XVIII, através dos portugueses. Aos poucos, foi se tornando cada vez mais popular. Nos dias de hoje, podemos encontrar este tipo de literatura, principalmente na região Nordeste do Brasil. Ainda são vendidos em lonas ou malas estendidas em feiras populares.
De custo baixo, geralmente estes pequenos livros são vendidos pelos próprios autores. Fazem grande sucesso em estados como Pernambuco, Ceará, Alagoas, Paraíba e Bahia. Este sucesso ocorre em função do preço baixo, do tom humorístico de muitos deles e também por retratarem fatos da vida cotidiana da cidade ou da região. Os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo, milagres, morte de personalidades etc.
Em algumas situações, estes poemas são acompanhados de violas e recitados em praças com a presença do público. Um dos poetas da literatura de cordel que fez mais sucesso até hoje foi Leandro Gomes de Barros (1865-1918). Acredita-se que ele tenha escrito mais de mil folhetos. Mais recentes, podemos citar os poetas José Alves Sobrinho, Homero do Rego Barros, Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva), Téo Azevedo. Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rosa, Gonçalo Ferreira da Silva, Chico Traíra, João de Cristo Rei e Ignácio da Catingueira.
Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles podemos citar: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.
No segundo momento assistimos 2(dois) Vídeos comentando e cantando a poesia de cordel, em seguida uma entrevista com o Xilogravurista e cordelista José Francisco Borges, “J. Borges”
Como parte da finalização, escolhi 2(dois) alunos para que fizessem uma leitura de 2(dois) folhetim da poesia de cordel, a leitura ocorreu de forma bastante proveitosa e os alunos/Reeducandos se mostraram bastante interessados e curiosos uma vez que poucos conheciam ou tinham ouvido falar da poesia de Cordel como parte importante da cultura brasileira.
Também foi sugerido que os mesmo que diante do exposto fizessem sua própria poesia de cordel, baseadas no seu próprio cotidiano ou alguma istória que eles soubessem.
Meu Projeto teve uma significância bastante importante não só no tocante a levar o conhecimento ao encarcerado de parte importante da cultura brasileira, mas também de certa forma acabei aprendendo muito como a poesia de cordel e também ela pode ser trabalhada de forma que duas disciplinas dialoguem, aqui no caso da Literatura e Artes, uma vez que escrever ou produzir poesia de cordel é também um fazer artístico tão importante com qualquer outra obra de arte. Pois trabalhar a Arte como forma de ensino/aprendizagem é algo bastante proveitoso e um ganho nos outros conhecimentos se trabalhada de forma interdisciplinar.
Estes foram alguns dos vídeos que usei como recurso material audio-visual durante a execução do meu projeto "Praticando a poesia de Cordel", com isso os alunos/reeducandos tiveram a oportiunidade não só conhecer a poesia de cordel, mas também como as imagens e a própria poesia pode ser produzida nos molodes originais.
Por uma série de objeções, não será possível colocar em exposição neste BLOG, imagens mais completas do meu projeto interdisciplinar, aplicado na Penitenciária "Moacir Prado", em Tarauacá-Ac, uma vez que amparados pela própria Lei de Execução Penal que veta a divulgação pública de imagens dos presos/encarcerrados. Estas são umas das poucas que foram selecionadas pela própria administração da Penal que puderam ser mostradas.
A preparação para aplicação do projeto Praticando a poesia de cordel foi extensa, onde contei com a colaboração do meu colega de faculdade o Sr Daniel na composição, gravação dos vídeos e sugestões dos demais colegas, colhi informações e material necessário na rede de computadores Internet para que pudesse ter êxito na execução do mesmo.
Meu projeto foi executado no dia nos dias 07 de novembro de 2011, na Penitenciária Moacir Prado, como alunos/presos do EJA 1, foi uma experiência maravilhosa, onde podemos destacar todo o empenho e acompanhamento da responsável pelo Ensino dentro daquele estabelecimento Penal a Pedagoga Luciana e as docentes que também executam um excelente trabalho pedagógico com os mesmos. Sendo que uma semana antes imprimi o meu projeto e levei pra pedagoga Luciana, para que a mesma pudesse avaliar sua aplicabilidade e assim desse o seu aval para que o mesmo fosse aplicado juntos os alunos daquele estabelecimento penal, onde tudo ocorreu de forma legal e amparado pelo própria Lei de Execução Penal(LEP) e suas diretrizes que tudo rege o sistema carcerário estadual.
Minha chegada no estabelecimento Penal ocorreu por volta das 08h00min e dei inicio as aulas as 08h:15min, sendo que ficou acordado que com a pedagoga que eu utilizaria todo o período da manhã para que assim o projeto fosse aplicado. Ao chegar dentro de sala de aula me apresenteie falei um pouco o porquê daquele acontecimento e como ele iria transcorrer normalmente, fiz uma breve exposição dos motivos e o principal objetivo do meu projeto praticando a poesia de cordel, dei inicio as aulas falando e perguntando aos mesmos se sabia ou conheciam a poesia de cordel e como ela era parte importante da nossa cultura brasileira em especial para um grande destaque na região Nordestina, nos principalmente nos Estados do Bahia, Ceará, Pernambuco e etc. Como parte importante da execução do projeto distribui uma pequena apostila tecendo um breve histórico sobre a origem e suas principais características e como ela ganhou grande destaque no cenário cultural brasileiro.
Dentro da programação de execução do projeto foi apresentados 4(quatro) vídeos, sendo que dois tratando e falando de forma cantada sobre a poesia de cordel e mais 2(dois) uma entrevista com o Cordelista e Xilogravurista José Francisco Borges, “J. Borges”, onde ele fala de seus principais cordéis e xilogravuras e também faz um apanhado geral como a poesia de cordel influência e influenciou a sua vida, as dos demais autores e a do próprio povo do nordeste. Após os vídeos, escolhi alguns alunos que tiveram a oportunidade de ler alguns dos cordéis na forma de folheto e também ouvimos algumas músicas de um artista local que desenvolve a poesia de cordel de forma cantada do Sr. Francisco das chagas do Vale, “Chaga do Vale” e para finalizar foi pedido para os mesmo que desse inicio a construção de uma poesia de cordel de autoria própria dos mesmo que valorizarem seu dia a dia seu cotidiano.
Raimundo de Araújo Corrêa,35 anos de idade, casado , pai de quatro filhos, Policial Militar, amigo, extrovertido. Estou cursando o curso de Artes visuais pela UAB-UNB, onde o curso é totalmente on-line, sonho que venho perseguindo desde quando terminei o ensino médio, Já ouve uma tentativa de cursar um ensino superior na UFAC, onde foi frustrada por motivos pessoais e profissionais tive de desistir, estava cursando Letras-vernáculos na Capital do Acre, Rio Branco e tive que me deslocar para o interior, minha cidade natal, Tarauacá, onde moro até hoje e também nasci.
Após terminar o curso pretendo voltar novamente a capital, na busca da realização pessoal de meus filhos.
